Não sei de onde veio. Não deu nenhum sinal. Ou talvez tenha dado, mas eu ignorei. Sempre ignoro. Sempre acho que não vai acontecer de novo. Que se vier, vai ser quando estou sozinha. Que não vou precisar de ajuda.
Ledo engano.
O coração dispara. Respiro rápido, porque não consigo reter o ar. Parece que vou explodir. Ar, ar, ar, onde está? Estou tonta. Meus braços formigam. Minha visão turva. Vou cair. Vou morrer. Minha boca seca. Meu grito prende. Quero chorar mas não consigo. Passo por seis emoções diferentes em menos de um minuto – uma tristeza profunda, uma raiva do mundo, uma vontade súbita de rir, uma desesperança que me toma, uma enorme vontade de sair correndo, e aquela sensação de que o mundo está me oprimindo. Que o ar se foi. Que a vida acabou. Estou morrendo.
Alguém me pergunta alguma coisa, mas não ouço. Uma mão segura a minha. Braços pela minha cintura. Um beijo no ombro. Um afago nos cabelos. “Respira”, alguém me sussurra. Eu tento. Respiro fundo uma, duas, dez vezes. Estou morrendo.
Me dão água, me dão carinho, me dão alento. O tempo todo, não deixam de segurar minha mão. Meu coração desacelera. Minha respiração estabiliza. Meu corpo todo treme. Estou gelada. Estou fervendo. Estou com medo. Não sei de quê, exatamente, mas é sempre assim – aquele temor que vem de um lugar desconhecido e que nunca vai embora. Mas dessa vez, vai. Pisco. Um carro tocando nossa música preferida passa, e eu não sei mais se estou chorando pelo ataque, pela música ou pelas pessoas. Não importa.
Elas seguram firme minha mão. Não estou sozinha. Fecho os olhos e me deixo acreditar.
Estou viva.
Ai, ai, ansiedade, ansiedade…
Poderia conversar eternamente sobre essa bendita e as crises que me/nos causam. A gente sempre pensa o pior, que vai faltar o ar, que vai desmaiar, que não vai aguentar, que vai morrer. Spoiler: nunca morremos. Mas vai lá lidar com o Sr. Cérebro essa questão pra ver o que ele vai te falar… Sei que eu, particularmente, o odeio por me fazer sofrer tanto quando não há necessidade. Posso trocar bendito por maldito já, né? Enfim, para todos nós, que somos obrigados a lidar com isso, fazendo tratamentos com remédio (eu faço) e/ou fazendo terapia (também faço, melhor coisa da vida), muita força, um grade abraço e um beijão. Somos mais do que a nossa ansiedade. 😉