Eu não vou me ferir.
Eu não vou me deixar ferir.
Perdi as contas de quantas vezes fiz essa mesma promessa. Perdi as contas de quantas vezes a quebrei.
Eu não vou me ferir, digo, mas nem sempre é uma escolha que eu posso fazer. Quando outra pessoa empunha a arma, como posso prometer que ela será tão cuidadosa com o meu coração quanto eu seria? Não posso apostar tão alto. Não posso garantir nada.
Eu não vou me deixar ferir, repito, mas como poderia? Se abrir é permitir que os outros entrem; deixa-los entrar é perder o controle sobre como eles irão te afetar. Não dá para não sentir, por mais que eu queira.
Talvez eu precise fazer diferente. Talvez eu precise mudar o meu mantra.
Eu vou me ferir, talvez. Mas não vou mais me agarrar à dor.
Talvez eu deixe que me machuquem. Mas, seja ele ou ela quem for, não vou mais permitir que fiquem e tenham licença para fazer de novo.
Eu vou respirar. Eu vou me levantar. Eu vou começar de novo.