com 17… faz tempo! |
Quando eu era mais nova e comecei a levar realmente a sério a ideia de um dia me tornar escritora – que, mais que ideia ou sonho, sempre foi um objetivo muito claro – eu achava que o melhor seria que as coisas acontecessem rápido. “Imagina só, 14 anos e um livro publicado”, eu dizia. Porque, na minha cabeça, o meu diferencial – a idade – falaria por mim. Que impressionante alguém com 14 anos escrever tão bem, não é? Era o meu melhor momento!
Mas querem saber de uma coisa? Graças a Deus, ninguém me deu ouvidos! Ainda bem que ninguém teve essa ideia maluca de publicar a Larissa de 14 anos! Porque o tempo passa, e as coisas mudam. Eu mudei, e a minha escrita também; da água pro vinho, eu diria.
Não, não estou menosprezando minhas habilidades aos 14 anos – do contrário, acho que, pra minha idade, na época, eu era até que muito boa. E, sem essa fase, eu não seria a escritora que sou hoje, seja isso uma coisa boa ou ruim (boa, espero! Me digam vocês!).
Também não estou dizendo que ninguém escreve bem aos 14 anos, nem desprezando o talento de gente mais nova do que eu. Tem muitos mais novinhos cujo talento eu admiro, mesmo. A questão aqui é só a maturidade.
Maturidade de tudo: de caráter, de pensamento, e, por que não, de escrita. A gente não enxerga isso quando é mais novo porque ou acredita cegamente no seu talento incompreendido, e se coloca num pedestal que não existe, ou não crê na própria capacidade e fim de papo. A autocrítica é uma das coisas boas que o tempo traz pra gente, e tem menos a ver com idade, e mais com experiência. Vem de mostrar uma coisa aqui e outra ali, ouvir opiniões e mais opiniões, pensar muito, pesar na balança, testar e errar, até que uma hora, a gente acerta. E eu não tinha isso com 14 anos.
Graças a isso e a uma infinita boa vontade de escrever qualquer coisa que me viesse à cabeça, eu pude usar esses anos em que pessoas me diziam “não” pra colocar muitas ideias no papel, de todas as formas. Comecei, revisei, abandonei e reaproveitei dezenas de histórias, curtas, longas e médias. Passei algumas semanas, meses e até vários anos trabalhando em um monte de projetos, sempre imaginando a reação das pessoas durante a leitura. Escrevi tanto que, sem perceber, progredi. Quando releio meus primeiros contos e livros, às vezes bate aquele embaraço; “eu deixei mesmo alguém ler isso?” eu me pergunto. Deixei. E deixaria de novo, porque é preciso começar de algum lugar. Amo cada palavra mal escrita e cada personagem raso como amo os que me dedico hoje em dia a melhorar e aprofundar. Com 14 anos eu não reconheceria isso; só o tempo podia me mostrar.
A espera também me trouxe a chance de conhecer pessoas que me ajudariam a trilhar o meu caminho. A Larissa de 14 anos não sabia muito mais sobre o mercado literário do que o básico – como os livros são publicados e onde são vendidos. Precisei de muito tempo, muita conversa e muita gente me ajudando pra descobrir alguns macetes, entender alguns termos e, principalmente, pra ver o mundo editorial como um negócio – e vocês não tem ideia da diferença que isso faz! Fiz amizades, descobri gente muito legal, e também aprendi a reconhecer os lugares onde não é muito seguro pisar. Ainda tenho muito a aprender, mas hoje eu já consigo enxergar sozinha alguns caminhos que, lá atrás, eu sequer sabia que existiam.
Então essa é pra você, que escreveu um livro hoje e já está preocupado em publicar amanhã: respeite o tempo. Parece papo de avó, mas ele realmente faz maravilhas pela gente. A espera não é uma espera realmente, porque nenhuma maratona começa na reta final. Existe um motivo pelo qual nada, nem mesmo uma publicação, acontece do dia pra noite. A gente tem todo o tempo do mundo pra aprender bastante, pra tentar, pra conhecer. Sem pressa – mas não sem tentativa. Com calma e esforço tudo se consegue. Passo a passo, a gente chega lá.
Beijinhos!
Nossa Larissa,
Que humildade a sua de reconhecer essas coisas, eu acho que isso faz muito bem ao autor, apesar de muitos esconder…
Adorei saber um pouquinho da sua trajetória..
beijos..
leitorasdobrasil.blogspot.com.br
Você simplesmente não sabe o quanto esse texto mexeu comigo.
Obrigada, Larissa. Mesmo.
Muito bom o texto Lari, a gente tem que aprender a esperar o tempo certo e pra tudo, nao apenas na escrita e publicação.
Que bom que hj vc reconhece isso, sinal que de fato amadureceu 🙂
Beijão :*