Em Março do ano passado, vocês votaram e escolheram o primeiro volume de O Diário (nada) Secreto como o novo folhetim do blog; postado todo primeiro domingo do mês, os 16 capítulos do livro foram postados até Julho deste ano. E este mês, resolvi retomar o esquema dos folhetins. Novamente no embate com o chick-lit Dez Coisas, vocês votaram a escolheram o segundo volume da série para ser postado a partir deste mês.
Como fiz antes de postar o primeiro, resolvi falar um pouquinho sobre o Diário antes de ir pras postagens do livro. Afinal, toda obra tem as suas peculiaridades, né? Com este não é diferente.
Comecei a esboçar o segundo volume da série em 2006, menos de um ano depois de ter escrito o primeiro. Na época, eu tinha o costume de levar vários projetos ao mesmo tempo, e a série do Diário era uma que me animava particularmente; eu tinha diagramas de personagens e seus relacionamentos, um futuro bastante definido pra cada um, e muitas histórias que eu tinha ouvido por aí pra me servirem como base. Sob muitos aspectos, acho que o Diário 2 é um dos livros mais reais que já escrevi – quase tudo que acontece nele tem sua fonte em algo que aconteceu comigo, ou com pessoas próximas a mim. A vida real vinha sendo uma fonte inesgotável de dramas muito aproveitáveis pra ficção.
Não vou saber de cabeça quantas páginas o livro tinha no seu primeiro esboço; provavelmente em torno de 100 ou 120, tão grande quanto uma garota de 14 anos conseguiria escrever por vários meses a fio. Eu estava orgulhosa da dimensão que os personagens haviam tomado, e de como tudo parecia perfeito, provavelmente o melhor que eu tinha escrito até ali. Talvez fosse; não sei dizer. Menos de três meses depois de ter terminado, o computador que eu dividia com a minha família foi consumido por algum vírus maligno e todas as informações foram perdidas.
Eu, que até então não tinha o hábito de fazer um bom backup, me sentei e chorei durante horas de frustração. Eu tinha perdido o livro da minha vida, e não havia nada que eu pudesse fazer. Por sorte, num dos CDs de arquivo da casa, o livro 1 permanecia intacto. Mas não o segundo, não o melhor. Fiquei tão magoada e desanimada que resolvi desistir da série.
Dois anos depois, a NRA mudou essa perspectiva. Quanto mais projetos eu postava na comunidade, maior o reconhecimento e o feedback dos leitores, e logo eu estava sem nada novo pra postar. A ansiedade e a animação me fizeram mudar de ideia; reabri o arquivo do primeiro Diário, reli e concluí que podia fazer melhor. Que eu IA fazer melhor. Então sentei e comecei a reescrever.
Ainda reconheço que existem inúmeros defeitos em todos os livros da série. Se eu tivesse mais tempo e mais empenho, talvez me desse ao trabalho de revisá-los de novo. Como não penso em publicá-los (não agora, pelo menos), isso vai ficando pra depois. Mas os poucos anos de maturidade na escrita entre uma versão e outra me fizeram não só dar o melhor de mim pras novas versões, como também obter um resultado do qual eu me orgulho. Personagens mais consistentes, um enredo melhor, uma narrativa melhor colocada. Precisei de uma pequena crise pra voltar melhor e mais forte.
Hoje eu sou obcecada com backups. Não é porque tive que perder um pra refazê-lo melhor que eu pretendo repetir o erro com tudo que eu escrevo.