É aquele dia. Aquele dia que ela jura que, ano que vem, vai esquecer. Aquele dia que ela tenta sempre não lembrar. É aquele dia que, não importa o que ela faça, não sai da cabeça.
Ela faz as coisas exatamente iguais naquele dia. Acorda. Pensa. Come. Pensa. Trabalha. Pensa. Dorme. Pensa.
Nele.
Onde estará? Estará feliz? Realizado? Amado? Todas as coisas que queria, as tem? Todos os sonhos, realizou? Quem será essa pessoa, esse estranho tão familiar, que se encontrou e se perdeu de sua vida? Os pensamentos não param, e ela se pergunta se é assim pra ele também.
Já faz o que agora – cinco anos? Cinco. Eram pra ser nove. Tudo bem. Faz tempo que ela parou de contar. Não adianta. Os cinco logo serão dez, e um dia vinte, e os quatro ficaram pra trás. Congelados no tempo.
Não tem problema lembrar, ela diz pra si mesma. Por que ela iria querer esquecer? Foi feliz. Tem memórias boas. Aprendeu. Passou – não o amor. Nunca o amor. Mas a dor, e a mágoa, e o desejo de poder voltar atrás. A vida seguiu. E hoje, aquele dia 26 é só um dia no calendário em que ela celebra o momento em que a sua vida começou a mudar.