Uma das coisas que eu mais escuto/leio dos meus leitores quando terminam um livro meu é: mas é isso? Como assim? O que acontece depois?
Eu tenho uma relação de amor e ódio com finais. Escrevê-los é, ao mesmo tempo, o merecido desfecho e o momento mais desesperador após uma longa jornada. Tudo culminou pra esse momento. Seja livro único, seja série, todo final vem de uma cadeia de eventos – e também desencadeia outros. Afinal, o final do livro é nada mais do que mais um acontecimento na vida dos personagens.
Lembro que, durante uma aula de roteiro na faculdade, um professor nos disse que nenhum personagem começa e termina na história: eles tiveram antes e terão depois, e é importante que o autor (ou roteirista, no caso) saiba o que são esses antes e depois. Mas isso não significa que os leitores ou espectadores precisem saber.
Afinal, onde é que uma história termina? Se existem acontecimentos que vem depois do “felizes para sempre”, então quem determina em que ponto ela acaba? Quero dizer, nós gostaríamos mais de um conto de fadas se soubéssemos quantos filhos a Cinderela teve ou sobre a velhice do Príncipe Encantado? Qual é o limite de conhecimento que os nossos leitores devem ter sobre os finais daquilo que leem?
Do meu ponto de vista, tudo que vem depois o fechamento do ciclo (ou seja, daquela história que você estava lendo, daquele período da vida do personagem) é dispensável. Isso não quer dizer que não exista – pode ser certeza que os autores sabem exatamente o rumo que seus personagens tomaram. Mas a menos que isso renda um novo ciclo e uma nova história, ninguém precisa saber. Não afeta o agora, a história que está em rumo, então… qual é o objetivo?
Talvez por isso sempre gostei mais de finais abertos. Não daqueles em que nada é explicado e o livro termina do nada, mas aqueles em que você fica com aquele gostinho de história inacabada, se indagações sobre um futuro que, como todo futuro, você não conhece. Na minha cabeça, há uma ideia do que eu gostaria que acontecesse a cada personagem, e talvez nada do que eu imagine seja o que o autor imaginou, mas é meu. É parte da minha relação com a história. É algo que eu construí com base na minha experiência com a leitura. É diferente de eu ter tudo mastigado e nada pra me deixar pensando. De que me adianta saber quantos filhos o Harry teve ou qual foi a profissão do Neville ou quem casou com quem? Essas informações me tiram o prazer de construir uma ideia sobre eles, real ou não. E esse prazer, me desculpem, é algo que não troco por nada.
Então, é, talvez nem todo mundo se identifique com os meus finais abertos. Talvez vocês me escrevam mais e mais recados indignados, perguntando, mas o que acontece depois?
Ao que eu, com um sorriso no rosto, vou retrucar: me diga você.
Diva como sempre!
Oi Larissa.
Assim que vi o título do post, minha cabeça ferveu em imaginar que eu deveria fazer um falando sobre as minhas experiencias ao escrever finais (e ler também), mas cheguei ao fim simplesmente pensando que quando me perguntarem algo assim, vou mandar vir aqui e ler isso.
Também sou daqueles que preferem um final em aberto bem escrito. Sou a favor de deixar o leitor imaginar o que pode – ou não – ter acontecido à seguir. É um grande exercício pra mente, e falando como leitor, quando um autor faz isso eu sinto como um presente, e não como algo inacabado.
Amei o texto <3