Digo que não sou mais aquela garota. Digo que mudei. Digo que estou diferente.
Mas estou?
Sou insegura. Sim, a carcaça é nova, o exterior está calejado. Mas não sei o quanto mudei por dentro.
Fiz aquela tatuagem pra lembrar. E eu lembro. lembro do que fiz, mas também lembro do que pensei em fazer. Semana passada. Ontem. Hoje. Seria tão fácil desistir.
E por um momento, eu desisto. Me agarro ao volante, ao edredom, à tatuagem no antebraço. Quero gritar, morrer, fugir, botar tudo pra fora em lágrimas e bile.
Mas aí vem as palavras, cravadas na pele, marcadas no papel ou soltar ao acaso pelos lábios de um estranho. E as palavras… ah, as palavras salvam.
Elas me salvam todos os dias.
É, talvez eu tenha mesmo mudado.
Só preciso acreditar.