Outro dia fui no chá de cozinha de uma das minhas melhores e mais antigas amigas. Foi uma ocasião super especial, onde eu me liguei de como a vida mudou e a gente cresceu. Parece ontem que eu esteva dançando no aniversário de 15 anos dela, e agora ela está pra casar. Queria alguém pra dividir essa lembrança, fofocar com outra pessoa sobre essas lembranças passadas que a gente construiu ao longo dos anos. Mas quando olhei pro lado, percebi que do nosso imenso grupo de amigos dos tempos de colégio, eu era a única que tinha restado. Eu sabia que a vida mudado, mas comecei a pensar: pra onde foram aquelas pessoas, aquelas com quem dividimos tudo por tanto tempo? Em que momento a amizade acabou?
No primário, nós fazemos nossos primeiros melhores amigos. Alguns crescem com a gente, outros se vão. Quando saímos do colégio, juramos pra nós mesmos que aqueles amigos, as pessoas com quem dividimos todos os dias da maior parte das nossas vidas, seriam nossos amigos para sempre.
Aí o colégio termina e as pessoas se vão.
Não é culpa nossa, nem deles. As pessoas não se separam porque pensam “nossa, não quero mais me misturar com essa gentalha”. Não é uma decisão consciente, e talvez nem seja uma decisão de fato: é mais uma sequência de acontecimentos, uma ordem natural das coisas. Você é super grudado naquela pessoa hoje, e quando vai ver, sua amizade se resume a dar likes e acompanhar a vida deles no Facebook. Você e seu antigo melhor amigo não se vêem há anos, e embora você ainda sinta um carinho enorme por ele ou ela, sabe que aquilo que vocês tinham lá no Ensino Médio já não existe mais.
E tudo bem.
É um saco isso, mas as pessoas ficam para trás por um motivo. Quando me dei conta que estava “perdendo” meus amigos, percebi também que eu não era mais a mesma pessoa que eles conheceram há dez anos, e eles também não. Aconteceram tantas coisas nas nossas vidas da qual o outro não foi parte – um intercâmbio, um novo emprego, uma faculdade abandonada, uma mudança de cidade, um casamento. A gente ainda se cruza de vez em quando. A gente ainda conversa. A gente ainda se gosta. Mas “a gente” não significa mais o que costumava significar. E tudo bem.
Então talvez eu não veja o casamento de todas as minhas amigas de faculdade. Talvez eu não seja a madrinha do primeiro filho da minha melhor amiga do colégio. Talvez eu fique anos sem ver aquela menina com quem eu conversava todos os dias no intervalo. Talvez eu não saiba mais nada sobre a vida do menino que sentava atrás de mim no 3º ano e com quem eu falava sobre tudo que vinha na cabeça. Talvez eu não esteja mais na vida deles, nem eles na minha. Talvez tenhamos novos melhores amigos. Tudo bem. O carinho existe, a conexão estará para sempre ali. E só porque mudou não significa que precise acabar.