Amanhã é 26. Você sabe. Aquele 26.
Já faz dez anos que o dia 26 virou O dia 26. Já faz seis anos que deixou de ser. Mas pra mim, continua sendo. Não sei se algum dia vou conseguir olhar pro dia 26 e pensar que é mais um dia qualquer. Que nada de comum aconteceu. Esse dia mudou tanta coisa. Mas já faz tempo que não muda mais.
Todo dia 26, faço uma peregrinação pela memória. É um dia complicado, esse 26. Já passei momentos ruins nesse dia. Já passei momentos bons. Hoje eles são neutros. São os dias em que eu me recolho cedo, em que eu paro e penso e imagino e às vezes rezo. Por você, pelo seu futuro. Por mim e pelo meu. Não, eles não são mais a mesma coisa, mas mesmo assim, gosto de te desejar o bem. Espero que você faça o mesmo.
E no dia 26, quando dou por mim, já revirei todas as memórias. Já procurei suas fotos guardadas naquele CD velho, já olhei pra caixa de lembranças que sigo forte me recusando a abrir. Olho para trás e vejo que foi o que tinha que ser e que será o que vier. Nesses dez anos, já me arrependi de muita coisa, mas também aprendi a me desarrepender – especialmente dos males que vem para o bem.
Então não, não há mais dias 26 – pelo menos não fora da minha cabeça – mas ao perdê-los, eu ganhei outros dias. Ganhei o dia 15, o dia 5 e o dia 10, ganhei datas cujas memórias carrego, mas cujos dias esqueci. Ganhei vida; às vezes triste, às vezes feliz, às vezes sozinha, quase sempre acompanhada. Ainda deliro que estou contando para você sobre o meu dia, mas me satisfaço com essa lembrança boa do seu eu imaginário. O eu dos dias 26 que não voltam mais. E tudo bem.
Então amanhã, antes de dormir, ore por mim, eu peço. Tire um minuto do seu dia e se lembre. Foram tão bons, os nossos dias 26, e os que houveram entre eles também. Não deixe que desapareçam. Ore por mim, pois estarei orando por você. Hoje e sempre.