A zona de conforto é um lugar agradável. É o seu quarto naquelas noites frias de inverno, com uma cama quentinha, a TV sempre conectada ao Netflix e uma xícara de chocolate quente bem gostoso. É aquela reunião gostosa com os seus melhores amigos. É aquele livro que você já leu um milhão de vezes, mas sempre relê porque sabe exatamente o que esperar. Por que alguém iria querer sair de lá?
Sou muito adepta da zona de conforto. Gosto da minha. Como uma pessoa naturalmente ansiosa, pensar em atravessar essa barreira já me dá siricotico. Não é fácil. Mas há tempos, descobri que é necessário.
É necessário porque, como autora, não posso esperar crescer profissionalmente se não me arriscar. Escrever o gênero que eu já conheço e domino é bom e é fácil, mas não significa que eu não possa me aventurar em novas empreitadas. Escrever histórias de amor é ótimo e dá um quentinho no coração, mas não quer dizer que eu não deva nem consiga explorar coisas mais profundas e impalatáveis. Escrever sobre aquilo que eu conheço é maravilhoso, mas se eu não tentar me colocar no lugar de outras pessoas, tentar viver outras vidas, tentar explorar outras possibilidades, então não posso esperar que meus leitores façam o mesmo. Preciso dar um passo além se espero que meus livros sejam mais do que apenas livros, as histórias, mais do que apenas histórias.
E é necessário porque, enquanto pessoa, sei que nada vai acontecer se eu não me arriscar. Não vou conhecer lugares diferentes se não entrar naquele avião, apesar do frio na barriga. Não vou aprender nada novo se tiver medo de errar. Não vou entender a extensão das diferenças entre mim e as outras pessoas se não me abrir a escutar e a enxergar e a pensar diferente. Não vou mudar se ficar sempre na minha conchinha, sempre com as mesmas pessoas, sempre no mesmo lugar.
A zona de conforto é ótima. É meu lugar preferido. E eu sei que às vezes é difícil abrir a porta e se deparar com o precipício — meu deus, como sei.
Mas, se eu não me arriscar a cair, nunca vou saber como é a sensação de voar.