Liberdade

A liberdade tem muitas formas. Tem muitas caras. Ela não é a mesma pra todo mundo — e muitas vezes, sequer é a mesma para nós, através dos tempos.
Aos dez anos, liberdade para mim era não ter lição de casa. Era poder passar a tarde inteira brincando, assistindo TV, lendo. Liberdade era não ser forçada a brincar com a minha irmã, era não ter um horário pra dormir nem um horário pra acordar. Eram as férias, os dias soltos de verão em que eu passava horas na piscina no sítio do meu tio. Liberdade sequer era uma palavra que eu conhecia, mas cujo significado eu já imaginava conhecer.
Aos dezoito anos, ser livre era não ter cobrança. Significava poder dirigir, poder beber, ser dona do meu próprio nariz, ainda que, naquela época, eu não fosse dona verdadeiramente de nada. Liberdade era sair de casa às 23h pra voltar só às 7h da manhã do dia seguinte. Era encher o peito para dizer que eu era adulta, mesmo sem saber exatamente o que aquilo queria dizer. Liberdade era um conceito conhecido e que eu imaginava já possuir por completo.
Hoje, aos quase 26, acho que liberdade é uma coisa diferente. Pra mim, liberdade é o direito de ir e vir, de existir, de falar e de pensar; é uma coisa tão complexa e ao mesmo tempo tão simples, que me choca que tanta gente não a possua. A Declaração Universal dos Direitos Humanos diz que todos os homens nascem livres, mas não é bem verdade, é? Alguns são mais livres que outros, por privilégios, por contextos sociais. Para mim, liberdade é o que cabe na realidade de cada um, ainda que por ora: é cometer meus próprios erros, e crescer no meu próprio tempo, e viver da maneira como eu acho adequada. Liberdade é viver. 
Mas, antes de perguntar o que é liberdade pra você, eu te pergunto:
Você é livre?

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