Eu constantemente me pergunto que tipo de pessoa eu quero ser. Já há algum tempo, descobri que essa é uma das melhores perguntas para se fazer com alguma regularidade. Muitos dilemas morais e coisas simples podem ser resolvidas com “que tipo de pessoa eu quero ser”.
Mas já tem alguns anos que, mais do que “quem eu quero ser” passou a envolver também “quem eu quero ser para os outros”.
É uma coisa doida, isso de servir de inspiração pra alguém. Eu passei muitos anos da minha vida buscando inspiração em outras pessoas, e como não encontrei exatamente onde me espelhar, fui criando meu próprio modelo a ser seguido — primeiro na Maitê, depois em mim mesma. Eu não imaginava que, no meio disso tudo, em algum momento teria gente se espelhando em mim.
Isso criou um dilema complicado que todos os dias eu preciso combater. Porque sabe, quando é você por você mesmo, não faz diferença quantos erros você comete ou as cagadas que você faz; quando você adiciona a tudo isso uma camada de “mas o que isso diz pras pessoas que se espelham em mim”, cria aquela sensação de que a gente não pode errar. Não pode fraquejar. Tem que sempre estar perfeita, sempre estar na linha entre o certo e o errado. E, o que pra mim é pior, cria aquela sensação de que você está vivendo duas vidas: uma, a sua, que diz respeito a você e a mais ninguém, e outra, que você monta pra que todo mundo veja e ninguém se decepcione.
Cansa, às vezes. E tem dias em que a linha é tão tênue que é difícil demarcar o que é pessoal e o que não é.
Preciso me lembrar constantemente que a pessoa que eu quero ser não deve explicações a ninguém, e que eu não sou responsável pelo que as pessoas pensam ou não de mim. Preciso me lembrar que o melhor que eu posso fazer é sempre viver a minha verdade, sendo honesta comigo e com quem está em volta, e que isso inclui, sim, errar e quebrar a cara, cair e levantar de novo. Preciso me lembrar que, nesse ínterim, em algum momento vai ter gente que não vai concordar com algo ou com tudo que eu faça, e tudo bem também. Alguns vão guardar suas opiniões, e outros tantos vão vocalizá-las para mim. Não há nada que eu possa fazer pra impedir.
Eu não sei quem eu quero ser para os outros — nada, eu acho, se puder escolher. É responsabilidade demais para carregar. Mas sei exatamente quem eu quero ser para mim, e é a melhor versão de mim que eu puder. Quem enxergar isso, muito bem; quem não, uma pena. No fim do dia, a única pessoa a quem eu tenho que agradar sou eu mesma.