Bela como um furacão, ela é fogo e trovoada, tempestade e calmaria.
Não se engane pelos olhos baixos. Ela não evita um olhar mais do que evita respirar. Ela só sabe que seus olhos não são para qualquer um — pois quem, em sã consciência, pode dizer que já esteve no olho do furacão? Ela reserva seus espelhos para quem consegue enxergar além. Olhar para ela é olhar para si mesmo.
Não confunda seus redemoinhos com loucura. Há motivo para cada ventania. E não se esqueça — uma tempestade não é uma tempestade por querer chover. Ela é força da natureza, um evento desde muito antes de o céu se fechar. Não são todos que esperam a chuva. Ela reserva sua calmaria para aqueles que sabem apreciar a tormenta.
Não tente entender suas labaredas. Elas são dança, e, hipnótica, ferem e atraem na mesma intensidade. Mas nem todo fogo é para sempre — o dela só queima quando cultivado. Ela reserva seu brilho para aqueles que estão dispostos a brilhar com ela. E o que é o sol senão fogo, tão intenso e feroz que dá vida a tudo que toca? Um só toque de suas chamas basta. Ela é luz até mesmo quando o mundo está imerso em escuridão.
Loucos são aqueles que embarcam em suas revoadas. Felizes são aqueles que descobrem que, sem a tempestade e a calmaria, o fogo e a escuridão, o ciclo não se completa. Sortudos são aqueles que ela permite ficarem.