Camiseta escura. Um sorriso de dentes meio tortos. As referências de música. O gosto por fotos. Quando a gente se apaixona, a gente tem certeza de que conhece quem está do outro lado.

E eu te conhecia, o garoto das piadas e da família quebrada. Eu te conhecia, o cara do jeans furado e da cabeça raspada. E quando eu achei que estava mais do que na hora de amar alguém de novo, depois de tanto tempo, você veio e se aconchegou dentro do meu peito como se ali fosse o seu lugar.

Um encontro desmarcado. Uma ajuda que nunca veio. As brigas silenciadas. Um coração partido ao meio. Quando a gente se apaixona, a gente acha que tudo tem conserto.

Mas eu não te conhecia, não no que importava, não como deveria. Eu não te conhecia, mesmo quando achei que enxergava, mesmo quando achei que sabia. E quando eu me senti usada e entendi que merecia mais, mais do que você, você riu e me disse que era tudo coisa da minha cabeça.

E beijos no carro, e risadas por alto, e uma vida sem brigas eram só o que eu queria. Mas me anular e te deixar me explorar era o que eu fazia.

Porque eu achei que te conhecia, deixando mensagens não lidas e brigas não resolvidas, as marcas de sangue no meu coração. Eu achei que te queria, mesmo quando você me desrespeitou, mesmo quando você me usou, mesmo quando fugiu sem dizer adeus.

Mas eu merecia melhor do que alguém que me usava como uma blusa velha, esquecida sob a cama. Então, te coloquei no passado e te transformei no meu monstro favorito.