Fé no Amor

Essa ideia veio enquanto eu conversava com a minha amiga Natalie sobre o filme Orgulho e Preconceito, que eu assisti essa tarde. Sabe quando um filme te dá muita, muita fé no amor, e depois que ele acaba a fé vai embora junto? Pois é. Tava contando isso pra ela, e de repente a coisa toda se formou de um jeito muito legal na minha cabeça. Espero que vocês gostem 🙂

E, sim, quero comentários. Principalmente das meninas! Eu sei que vocês me entendem 😛

Fé no Amor
E estava lá, de novo, sentada no sofá da sala, assistindo aquele filme que já vira duzentas milhões de vezes. Jane Austen se orgulharia dela, mesmo que só tivesse lido o livro uma vez. Mas do filme… ah, do filme ela era fã de carteirinha. Não sabia o nome do diretor nem dos atores, desconhecia prêmios ou roteirista, mas lembrava cada fala e tinha decorado cada gesto.
E lá ia ele, o elegante, orgulhoso, prepotente, porém maravilhoso Mr. Darcy, em seus diálogos maravilhosos com Elizabeth, aquela tola da Elizabeth. Ela não percebia que o amava? Ou o quanto ele era maravilhoso? Talvez, só talvez, se ela soubesse o final do filme, poupasse tanto trabalho. Mas não era assim que era a história. A graça estava nessa luta, no embate que resultaria na paixão. Como na vida real. Como na vida real?
A chuva. Aquela cena que sempre lhe causava arrepios. Os dois não ficavam juntos, mas era a maravilhosa declaração apaixonada de Mr. Darcy – ainda que ela resultasse em insultos e brigas – que a encantava de verdade. A chuva, os cabelos molhados, o “a amo ardentemente” que nem a dublagem conseguia estragar. Homens assim, onde vocês estavam? Haveria algum, com certeza. Quero dizer, escritores não tiram suas perfeições do nada, não é mesmo? A inspiração tem de estar em algum lugar, em alguém. Ela sabia que estava. Tinha que estar.
Ah, Elizabeth, tão tola. Como ela, ali, no sofá, daria o mundo por um amor assim. O que era dela estava guardado – nunca sentia essa certeza de maneira tão profunda como enquanto via algum bom filme de romance. A carta de Darcy! Oh, a carta de Darcy! E a odiosa Lady Katherine. Que grande virada nos acontecimentos! Seria assim também na sua vida, dela, humilde espectadora, imaginando e aguardando ansiosamente a virada dos eventos?
Então eles se declaram. Os sentimentos mudaram. Mudaram? Ou nunca foram? Eles se resolvem. O beijo aguardado nunca vem, mas ela nunca antes tinha visto cena mais romântica que aquela. Quem precisa de um beijo fogoso nos lábios quando a certeza está nos olhos e no gesto do toque? Ah, onde estaria aquele que a tocaria daquela maneira delicada e apaixonada? Ela tinha fé que estava chegando.
Mas então o filme acabou, os créditos subiram. Ela olhou pra fora, pra chuva torrencial que caía e causava um barulho ensurdecedor. Olhou pro sofá, e não tinha ninguém do seu lado; só a cachorrinha deitada no chão, tão largada quanto ela própria. Foi à janela, mas não havia Mr. Darcy nenhum caminhando em sua direção. Esperou, mas ninguém veio lhe declarar seu amor ardente, e nenhuma música começou a tocar. Não haveriam créditos após o filme insosso da sua vida, e esperar que Jane Austen tivesse escrito seu script era um pouquinho demais. Mr. Darcy era só um sonho bonito, distante e irreal demais. Ele não estaria ali, e nem ninguém parecido com ele, nem hoje, nem amanhã e nem no dia que se seguisse.
Fé no amor pra quê? Foi é fazer uma pipoca.

6 thoughts on “Fé no Amor

  1. Lari!
    Foi exatamente isso que eu senti quando vi o filme. Durante: uma paixão fugaz e um ódio por eles não ficarem juntos apesar das armações do destino [e da mãe dela, hahaha]; e depois: por que histórias assim não acontecem comigo?
    Quando eu tava assistindo era uma história encantadora, quando acabou eu não lembrava do romance que havia visto![como assim, né?]
    Com certeza a MELHOR cena é a declaração abaixo de chuva naquele prédio em estilo grego. Chuva essa ensurdecedora, o que dá um tom muito mais "fica comigo pra sempre, caramba!".
    Concordo contigo, Lizzy é uma pateta que não enxerga o amor ali, mas eu também não ficaria com uma pessoa que armou pra separar a minha irmã do cara que ela gosta. Convenhamos.
    Com certeza foi um filme bom, mas eu ainda prefiro "Desejo & Reparação".

    até…

  2. Oi Larissa!!!

    Fantástico!! Absolutamente fantástico esse texto!! Essa montanha-russa de sentimentos que você descreve sempre me assola quando assisto ou leio Orgulho e Preconceito. Talvez por isso amo tanto essa história. E realmente, onde estão os Dracys e Capitães Wentworths na vida real?
    Beijão, lindona!!

  3. Adorei seu texto, Lari.
    Me sinto do mesmo modo quando vejo e filme, porque o filme da minha vida é um bocadinho diferente, embora as peripécias estejam vindoa tona.
    Eu não sei mais no que acredito, de verdade. Mas o amor na ficção é uma coisa na qual eu tenho fé. Como já disse no face, para mim aquela cena na qual as mãos se tocam é uma das melhores. Gente, o que é aquilo? E, se quer, saber o beijo ardente não fez falta mesmo, porque o amor pôde ser expresso de outras manieras muito mais paupáveis a meu ver =)
    Fé no amor real… Talvez dê para recuperá-la em 2012, mas eu não colocaria como uma meta de fim de ano rs
    Mil beijos

  4. Porra! Larissa, você conseguiu colocar em palavras tudo que eu sinto quando assisto Orgulho e Preconceito. Tudo o que se passa na minha cabeça e no meu coração. É difícil descrever como é tocante e romântico o filme, cada cena, cada olhar, o primeiro toque das mãos, a dança, a declaração apaixonada debaixo de chuva, o modo como a Lizzie é arrebatada e encantada e mesmo assim cega demais para perceber. A doçura no olhar o carinho nos gestos. Eu também sei de cor todas as falas do filme e muitas das passagens mais fascinantes do livro. No fundo eu ainda espero que a Jane Austen tenha sim escrito um script da minha vida e não perco as esperanças de que um Mr Darcy esta me esperando em algum lugar. Mas por enquanto vou me contentar com o filme e com mais pipoca.

    O texto esta esplêndido.
    Parabéns.

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