Andei. Muito. Por terra, por água por ar, percorri incontáveis quilômetros, travando uma constante batalha contra minha própria inquietude.
Sou uma andarilha. Sou uma mudança constante, em mm, à minha volta. Juntando selos e carimbos, transformei minha mente e minha expressão com os pedaços que encontrei pelo caminho. Pedaços meus, dos outros, esquecidos, deixados, achados, guiados. Cada novo cantinho me revela uma certeza que antes eu não sabia ter. Como é possível se encontrar ao se perder? Eu nunca soube. Mas sou pó espalhado ao vento, e é impossível retomar todos os meus grãos – talvez por isso eu continue a procurar, incessante. Talvez por isso, nenhum lugar me baste, nenhuma completude me preencha.
Não estou insatisfeita. Talvez esteja é satisfeita demais – com as mesmas paisagens, com as mesmas pessoas, com as mesmas vozes. A mudança é para mim tão temida quanto aguardada; mantenho a cabeça a mil e o frio na barriga, mas não há nada que me impeça de continuar. O laço mais forte é o meu com o mundo. Para cada espaço cheio, há dez ainda esperando, vazios. Meu destino é o que me mantém caminhando, cada vez mais longe e mais perto do ponto em que comecei. Meu remetente é o mundo. Minha casa está em todos os lugares.
Sou nômade. Sou peregrina. Sou inquieta. Sou a andarilha.