Um amor de professora

Quando eu estava na sétima série, muitas coisas começaram a mudar na minha vida. De todos os anos do colégio, acho que aquele talvez tenha sido um dos mais marcantes. A turma da tarde veio toda pra manhã, mesclando as salas. Eu comecei a rabiscar meu primeiro livro. E ganhei uma nova professora de Português.

Até então, tinha tido uma professora diferente todo ano naquela matéria. Português sempre foi uma das minhas matérias preferidas – provavelmente porque sempre tive facilidade nela – e me irritava a troca constante de professores, que pareciam nunca adequados o bastante. E então ela apareceu. Sheila era o nome dela. Na primeira aula eu já sabia que, depois dela, eu não teria outra professora.

Eu me lembro da Profª. Sheila por inúmeros motivos – ela era boa em sala de aula, didática sem ser irritante. Ela tinha um cabelo maravilhoso. Ela estava sempre sorrindo. Ela fazia a gramática parecer a coisa mais fácil do mundo. E ela foi a primeira pessoa a me dizer que eu era boa nesse negócio de escrita.

Começou com uma tarefa simples de redação. Estávamos começando a nos aventurar pelas armadilhas das dissertações acadêmicas, e eu não entendia muito bem esse negócio de discursar sobre um assunto – queria mesmo era inventar histórias com ele. Não me lembro exatamente qual era o tema, mas sei que, no lugar de uma dissertação, escrevi um conto, uma ficção em duas páginas. Na aula seguinte, ela me chamou pra conversar e disse “olha, a tarefa não era essa, mas você escreve muito bem. Não tive coragem de descontar nenhum ponto.”

Naquele dia, confessei pra professora um segredo que eu vinha escondendo de todo mundo: eu estava tentando escrever um livro. Ela se animou, me perguntou da história, disse que queria ler. Fiquei tão chocada e tão feliz que acabei imprimindo tudo pra ela. A Profª. Sheila me deu toques preciosos, fazendo a primeira crítica construtiva que recebi na vida. Ela tinha um jeito de dizer quando alguma coisa não estava legal sem fazer com que eu parecesse ruim. Ela via potencial, mas sabia das limitações de uma menina de 12 pra 13 anos.

Dali pra frente, virei a Larissa, Minha Aluna Escritora. Acho que, se não fosse pela Profª. Sheila, eu talvez não tivesse insistido nesse lance de escrever. Sem ela, talvez eu não me propusesse a mostrar os textos pras minhas amigas, a mais tarde postar na internet. Graças a Deus – e a ela – nunca tive que descobrir o que teria sido da minha carreira sem esse pequeno empurrão.

Anos mais tarde, o colégio fechou, eu mudei de escola, e o contato se perdeu. Ainda hoje eu me pergunto o que aconteceu com ela, quantas outras mentes ela ajudou a moldar, quantos sonhos ela colocou pra frente. Nunca vou esquecer da Profª. Sheila, nem do que ela fez por mim.

Feliz Dia dos Professores aos mestres que educam, incentivam e nos ajudam a crescer!

2 thoughts on “Um amor de professora

  1. Que legal. Comigo está quase a mesma coisa, só que descobriu foi minha mãe, por que tive contar o que eu tanto eu fazia trancada no quarto, depois falei para minha professora de Português que amo demais!

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