Acho que Cresci

Não sou mais criança. Cresci, eu acho?

Mas que inferno essa incerteza. Não tem do que duvidar – eu cresci, sou gente grande. Para todos os aspectos práticos e biológicos, já sou dona do meu nariz.

Exceto pelo fato de que não sou. Nem um pouco. Não como deveria. Dos meus romances juvenis na cabeceira, às paredes azul bebê e ao caderno com tema de princesa em minha mão, eu me agarro à infância – ou ao que restou dela. Se meu corpo nega, minha mente não desapega. É difícil demais. Imprevisível demais. Não sei se estou pronta pra isso.

Mas se não estiver agora, quando estarei? Preciso aceitar que crescimento não é algo que vem em doses homeopáticas, como a gente acredita quando é criança e tem todo o tempo do mundo a perder. Um dia você para, olha em volta, e BUM, cresceu. Ninguém te avisou, ningupem te preparou pra isso. Só vieram e puxaram seu tapete.

Quando eu era criança, achava que todos os adultos sabiam de tudo. Acho que é por isso que crescer me apavora; cá estou, nos meus vinte-e-tantos anos e eu sinto, honestamente, que não sei de nada. Estou perdida, sem respostas, sem rumo. E o relógio rodando. Os dias passando. E as pessoas esperando que eu saiba.

Mas não sei. NÃO SEI. Aceitem, entendam. Me empurrem aos poucos, que é pra eu me acostumar. Me contem sobre essa montanha-russa que é pra eu já me preparar pras descidas. E nunca, jamais, esperem de mim as respostas. Eu não as tenho, nem sei se um dia terei. Sejam pacientes. Acho – não, eu sei – que um dia eu cresço.

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