“Pessoas não pertencem a pessoas”.
Desde a primeira vez que escutei essa frase sendo dita por Audrey Hepburn no clássico (e um dos meus filmes preferidos) Bonequinha de Luxo, ele se tornou meu lema para relacionamentos. Já era antes, na verdade. Nunca consegui entender quem age como se seu parceiro/a fosse sua propriedade, uma posse a ser controlada. Todas as pessoas nascem livres, e se comprometem umas às outras por escolha própria, mas elas não pertencem a ninguém.
Ninguém tem direito ao seu afeto. Ninguém tem direito ao seu corpo. Ninguém tem direito ao seu coração. Não é um produto que você um dia compra e aí pode escolher o que faz com ele. É conquistado. É merecido. E mais do que tudo, é seu.
Demorei a entender isso. Cresci achando que amor verdadeiro era se prender ao outro, e não enxergava o quanto isso era cruel comigo e com quem estivesse junto. Achava que pra ser feliz, eu precisava apenas do amor daquela única pessoa – todo o resto seria dispensável. Não foi até perder e recomeçar que me dei conta que amor é bom, sim; mas quando é livre o suficiente para até partir, se quiser. Pra fazer suas próprias escolhas. Pra ter amizades e ser honesto e ir e voltar e nunca ter medo de perder, porque aquele alguém nem é seu, pra começar.
Se tem uma coisa que a vida me ensinou é que ela é curta demais pra ficar mendigando afeto. Dizer que alguém te pertence é tirar dessa pessoa a liberdade de escolher você todos os dias. Porque sim, é uma escolha diária. E é tão melhor quando é livre — livre de obrigações, livre de amarras. É melhor porque é real, dia após dia.
Pessoas não pertencem a pessoas. Pessoas escolhem pessoas. Pessoas ficam quando se sentem livres o suficiente para escolher ficar.