Única

Outro dia olhei um relatório do último censo e descobri que há mais de 360 mil Larissas no Brasil. Mais do que nunca, me senti pequena. Minúscula. Uma entre muitas.

Quando eu era mais nova, queria ser diferente. Ansiava em ser única, porque em casa eu não me sentia especial: era a última de três filhos, no meio entre 11 netos, mais uma entre os sobrinhos. Não era especialmente incrível em nada. A vida inteira, quis me destacar por alguma coisa. Queria ser notada.

Achei que escrever era o caminho. Eu era a única que escrevia no meu círculo de amigos, e me sentia especial por isso. Mas queria mais. Queria ser a autora mais jovem a ser publicada. A mais jovem a alcançar best-seller. A mais, a mais, a mais.

É engraçado que correndo atrás do meu sonho, eu tenha percebido o quão pequena eu realmente sou. Depois de brigar pra ter um espacinho no mercado editorial, vi que não sou ninguém – e definitivamente não sou especial por escrever. Tem muitos outros por aí, tão bons ou melhores que eu.

E tudo bem.

Tudo bem porque eu não preciso ser extraordinária nem única em alguma coisa pra ser especial. Porque esse negocio de “especial” é muito subjetivo. Não dá pra ser única e importante pra todo mundo. Já me basta se eu fizer diferença pra uns poucos.

Então, você que está lendo, quero que você saiba que você não é o floco de neve que talvez pense que é. Você é só mais um, assim como eu. Uma Larissa em 360 mil. Você talvez não mude o mundo, e talvez não seja reconhecido por nada, nem seja famoso, nem nenhuma besteira dessas.

Mas você é especial. Neste momento, pra mim, por perder tempo lendo isso. Quando chega em casa e abraça seus pais. Quando ajuda seus amigos. Você é especial quando acorda, porque só de estar ali, vai mudar a vida de muita gente.

Lembre-se disso.

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