Os planos

Nunca fui uma pessoa de planejar muito longe na vida. Acho inútil esse negócio de você ter um plano pros próximos cinco anos, como se apenas decidir que é assim que vai fazer as coisas fará com que elas aconteçam. Não é real. A vida toma seus próprios rumos. Ela muda todo dia. De que adianta planejar?

Mesmo assim, tenho cá meus sonhos, e minhas pequenas certezas, e as várias coisas que quero fazer quando sentir que estou pronta e/ou tiver a oportunidade. Escrever e entrar para uma grande editora é uma delas, sonho este que está sendo realizado agora pela Verus. Trabalhar era outro. Mas no fundo, eu sempre soube que, em algum momento, não conseguiria fazer mais as duas coisas.

Sou uma pessoa intensa. Ou me dedico por inteiro ou não me dedico mais. Não sei fazer as coisas pela metade, do mesmo jeito que não sei sentir pela metade. Por isso, sempre soube que teria que escolher, em algum momento, o rumo que queria pra mim. Eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, aquele negócio de olhar pra frente e planejar minha vida iria ter que acontecer. E qual foi a minha surpresa quando essa decisão foi tirada das minhas mãos, e a vida decidiu por mim?

Não sei você, mas eu acredito muito em Deus e no destino que ele traça pra gente. Acho que as coisas acontecem por motivos específicos na nossa vida – o tal efeito borboleta, mas em vez de falar de passado, falo de futuro. Toda ação tem uma reação em cadeia, e cada mínimo detalhe da sua vida altera a maneira como o seu futuro será formado. Eu tinha cá meus planos, e eles se adequavam à realidade que eu vivia. Mas a partir de um pequeno momento, tudo mudou. Meu futuro não é mais o mesmo. Os planos mudaram. E eu não sei o que virá.

Pode ser que dê certo, esse tal sonho meu. Pode ser que daqui a alguns meses eu olhe para trás e pense que aquele momento foi a decisão mais sábia de Deus, e que aquilo era justamente o que eu precisava para que o rumo do meu navio fosse ajustado pro caminho certo. E pode ser que não. Pode ser que eu olhe para frente e veja uma perspectiva ruim, e decida começar de novo. E tudo bem. Ainda tenho chances. E tenho tanto por fazer, tanto por viver, tanto a descobrir. Não saberei se não for até lá. Não saberei se só parar pra planejar – preciso experimentar. Me jogar. Tentar.

Sentirei falta daqueles dias. Dos alunos, das risadas, das histórias bobas, da rotina de sempre ter algo igual, e ainda assim diferente pra fazer. Mas, assim como confio em Deus, confio que nada nos é tirado sem que algo novo venha. Ainda não sei o que é, mas estou ansiosa para descobrir.

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