La La Land e os amores que nunca foram

ATENÇÃO: NÃO LEIA ESSE TEXTO SE NÃO TIVER ASSISTIDO “LA LA LAND”. PERIGO DE SPOILER!


Semana passada fui finalmente assistir o tão premiado e comentado La La Land: Cantando Estações. Não sou exatamente fã de musicais, mas a perspectiva de um filme com duas horas de Emma Stone e Ryan Gosling foi mais que o suficiente pra me convencer a ir ao cinema.

Esperava uma história de amor regada a números de dança aleatórios, diálogos musicais e um final feliz pra acalentar o coração. Mas me deparei com cores brilhantes retratando uma realidade muito mais sem cor: a dos amores que nunca foram.

Mia e Sebastian são aquele casal incrível que pede pra acontecer; se encontram em todos os lugares, tem situações de vida parecida, e eventualmente encontram seu caminho até o outro. O romance é óbvio e mágico e te faz suspirar. A gente embala na história esperando que, como em todo filme de Hollywood, eles superem todas as diferenças e descubram que o amor é maior que tudo.

No entanto, quanto mais o filme avançava, mais eu era inundada naquele banho de água fria que é a realidade. Mia e Sebastian sempre vão se amar, da mesma forma como você nunca esquece completamente aquele seu primeiro grande amor, mas isso não é o suficiente. A vida afasta as pessoas, e a vida afastou os dois. Sonhos e carreira se tornaram maiores e mais importantes, e no final, foi preciso abrir mão de alguma coisa.

Conforme as cenas finais se desenrolavam, fiquei pensando nisso. Pensei em todas as possibilidades de futuro que nunca tive, todos os amores que deixaram de ser, todos os sonhos que perdi pelo caminho. A vida é uma estrada enorme cheia de bifurcações, e pra cada escolha que a gente faz, deixamos para trás um número infinito de futuros. Tudo que era pra ser e não foi. De repente, aqueles futuros pesaram sobre os meus ombros.

Mas então, tal qual Sebastian e Mia, acenei e sorri pro meu passado. Eu fiz minhas escolhas, e posso passar a vida inteira debatendo sobre os caminhos que não percorri, ou me concentrar na estrada à minha frente. Escolhi a estrada. Quando o jazz acabou e as luzes se acenderam, saí da sala e deixei as músicas antigas para trás.

Leia ouvindo: City of Stars

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