Como nasceu #ParaAnaComAmor

Algumas histórias são mais difíceis de contar do que outras. Às vezes a gente tem o impulso de falar sobre uma coisa, mas percebe que não está preparado praquilo. Outras vezes, a gente supera alguns demônios e se propõe a enfrentar as dificuldades de cabeça erguida.

Para Ana, Com Amor foi uma mistura das duas coisas.

A iniciativa não partiu de mim. Eu estava revisando Amor Plus Size com a Alba, antes mesmo de termos uma editora para publicar, e ela me disse: “por que você não faz um livro ‘companion’? Sabe, um curtinho, contando a história da Duda?”

A ideia parecia boa. Quando penso em livros que tratam de distúrbios alimentares, consigo pensar em um, no máximo dois títulos. Como todo transtorno mental, ainda são assuntos pouco explorados e muitas vezes tratados como tabu. Eu poderia fazer diferente. Poderia?

Não lembro se respondi alguma coisa, mas lembro de ter me negado veementemente a fazê-lo. Tendo eu mesma brincado no limite, a ideia de entrar completamente na cabeça de alguém tão devastado pela doença como a Maria Eduarda era uma perspectiva assustadora. Meu primeiro pensamento foi: “esse livro vai acabar comigo”. Pra que arriscar minha saúde mental? Não fazia sentido.

Mas quanto mais eu me negava a escrever, mais as ideias vinham. Uma pontinha no começo, e de repente palavras e frases e páginas inteiras. Elas me perturbavam à noite, e numa bela madrugada de Fevereiro de 2015, resolvi escrever. Três páginas à mão, e foram o suficiente para que eu me convencesse de que eu estava certa: aquele livro ia acabar comigo. Mas isso não me impediria de escrevê-lo.

Levei um ano e meio para colocar um ponto final na história. Quando terminei, já tinha passado por altos e baixos, oscilações de humor e incontáveis pequenas crises de ansiedade. Enquanto escrevia, me peguei sem querer fazendo jejum de longas horas para acompanhá-la, contando calorias das minhas refeições e me sentindo enjoada com a ideia de comer. Não é fácil escrever sobre personagens perturbados, menos ainda quando eles se relacionam de maneira tão próxima com você. Duda interferiu na minha vida e me fez chorar por dores que não vivi, enquanto sussurrava horrores ao meu ouvido. A história dela era triste, impalatável, difícil de contar. Mas contei. Cheguei ao final sabendo que dificilmente conseguiria escrever algo parecido se não tivesse me deixado levar tão intensamente pelas emoções dela.

Algumas histórias são mais difíceis de contar do que outras – mas todas merecem ser contadas.

Confira o primeiro capítulo de Para Ana, Com Amor   –   Divulgue no twitter com a hashtag #ParaAnaComAmor

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