Sobre ler

Uma das coisas que mais me encanta sobre ser escritora é saber como é ser leitora. E não existe nada melhor do que ficar preso em uma boa leitura.
Tenho certeza de que vocês sabem como é a sensação; começa fácil, descompromissado. Você diz “vou começar esse livro aqui”, talvez com expectativas boas, talvez sem conhecer nada do enredo. Abre o livro ou destrava seu kindle, arranja um lugar confortável pra sentar, e se deixa cercar pelas primeiras páginas.
Se você tiver sorte, é aí que as coisas ficam boas. Você se propõe a ler só algumas páginas, mas quando vai ver, já se passaram seis capítulos e você não se lembra mais do próprio nome. Você completamente dominado por aquela história e seus personagens, e os conflitos deles, tão mais complexos e interessantes do que qualquer coisa que você já tenha experimentado na vida, já são os seus conflitos. Você talvez já tenha escolhido um lado, já tenha preferido um casal, rido alto de alguma piada ou simplesmente de nervoso.
Então, se você for que nem eu, um livro deixa de ser só um livro. Você discute em voz alta com ele, responde os personagens como se falassem com você. Os acontecimentos inesperados e cada plot twist que ferra com a vida do seu personagem preferido se torna uma ofensa pessoal. Você até tenta largar o livro pra ir fazer alguma outra coisa, mas descobre que agora é tarde demais pra tentar ter uma vida: você PRECISA terminar de ler. Então se conforma em não fazer mais nada o dia todo até terminar aquela história.
E quando você termina… ah, quando você termina, é como se tirassem um pedaço seu. Você sente que perdeu um amigo, um ente querido, mas ao mesmo tempo, se o final for bom, você fica feliz por eles terem ido embora — o sofrimento acabou. Então você passa uns dias de ressaca, lembrando daquela história como quem lembra de uma memória muito boa, e torce pra que o próximo livro seja tão bom quanto este.
Não sei em quantas pessoas nem se já causei essa sensação com as minhas histórias. Mas, se eu tenho uma meta, um sonho, um objetivo, é esse: que alguém, em algum lugar, esqueça da vida e de quem é por algumas horas enquanto lê algo que eu escrevi, e que eu seja uma memória maravilhosa um dia sobre uma história inesquecível que ela sempre vai recomendar pra alguém. Como autora, não tem recompensa maior.

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