O quarto e o coração

Não vá. Você disse que não iria. Mas eu devia saber. Todo mundo vai, uma hora. Fecho a porta do quarto, sento no vazio, tento me acalmar. Chorar não vai trazer ninguém de volta, e já foram tantas voltas que a vida deu. Já vi tantas e tantas pessoas com as mesmas palavras bonitas e discursos vazios me prometerem o mundo só para depois saírem sem destino, para nunca mais voltar. Tem um nó na minha garganta, mas tudo bem. O peito enche, me afogando em lágrimas e emoções, mas vai passar. É temporário. Um dia, quando estiver melhor, vou rir de tudo isso. Mas e se eu rir para um quarto vazio, eu penso? E se tudo que eu tiver forem móveis, murais cheios de lembranças e uma cama fria para arrumar? Não, não. Não pensa nisso. Você fez certo. Não pediu a ninguém que ficasse. Não sacrificou sua sanidade e seu amor próprio pra prender ninguém com você. Como é mesmo que dizem? Se voltar, é porque sempre foi seu. Mas ninguém nunca volta. O peito segue cheio, e o quarto segue vazio. Ninguém nunca lembra. Só eu.

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