Antes, leia:

Parte I
Parte II
Parte III
Parte IV
Parte V
Parte VI
Parte VII

Fiquei esperando, mas ele não voltou.
Sai de casa e dei uma volta no quarteirão. Ele não estava em lugar nenhum. Fiquei pensando onde poderia estar, solto numa cidade que ele não conhecia. Então me lembrei que era interior, e não a cidade grande, e relaxei. Voltei pra casa e sentei na cozinha, observando enquanto Mãe Idira fazia o almoço.
– Ele saiu daqui espumando. – ela comentou.
Como se eu não soubesse.
– Aquela baranga velha já devia ter morrido! – amaldiçoei, num sussurro. Mãe Idira me lançou um olhar repreensivo.
– Não se diz isso de ninguém. – afirmou, então suspirou – E eu sei que ela foi maldosa em vir aqui tripudiar em cima de você. Mas você teria evitado muita briga se simplesmente tivesse contado a ele.
– Não é assim tão fácil…
– Eu sei que não é. Mas sabe de uma coisa, Karine?
– O quê?
– Se você realmente o ama, vai ser corajosa o bastante pra entregar a ele todo o seu passado. E se ele te ama, nada do que você disser fará diferença.
Eu não disse nada. Eu estava com uma pedra no estômago e um nó na garganta, incapaz de argumentar e explicar a ela que era uma decisão tomada, que eu não ia falar nada.
– Confie em mim. – disse, então – Um dia, vocês ainda vão rir disso. Tudo depende do que você fará agora.
Foi então que Victor entrou pela porta da cozinha. Não parou, não falou, não olhou na minha direção. Apenas entrou, tão rápido quanto tinha saído. Fui atrás dele, mas ele bateu a porta na minha cara.
Encostei a testa na madeira fria da porta, tentando elaborar alguma coisa pra dizer. Mas o que eu poderia falar? Pedir desculpas? Ele não ia me escutar, eu sabia disso. Como sempre, o segredo com Victor era esperar que ele se acalmasse.
Então eu esperei.

[continua…]