Hiperbole

Queria que você fosse real. Não real como é, mas real real. Alguém de verdade. Alguém que eu pudesse tocar. Alguém que eu pudesse confiar. Alguém que eu pudesse ter.

Já te imaginei de mil maneiras. Já construi um milhão de futuros nos quais você está aqui. Mas sei que nunca vai estar — porque não foi feito pra isso, ou porque não quer. Não sei se faz alguma diferença. O que importa é isso: você é fruto da minha imaginação, e somente dela. Nada disso existe de verdade. Nenhum de nós. Nada do que a gente viveu.

Talvez ninguém exista de verdade, não como achamos existir. Talvez todo mundo seja uma figura de linguagem, uma hipérbole daquilo que se espera ou uma metáfora do que precisamos de alguém. A gente projeta o que precisa ter e depois sofre quando não colhe o que gostaria. Talvez tudo que a gente tenha é sonhos em pó.

Queria muito que você existisse de verdade, da mesma forma como queria que meus sonhos se transformassem em realidade. Não há chance para nós; nunca houve. Errada fui eu em pensar que algum dia poderíamos ser mais do que um sonho não realizado. Já nascemos mortos. Éramos ilusão antes mesmo de ser.

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