Sobre medos e dentes do siso

Então ontem eu tirei os dentes do siso. Não todos, mas dois deles. Frescuras e dramas à parte, foi uma cirurgia bem tranquila — em quinze minutos, estava acabado. Tudo bem que fiquei com dor o dia inteiro, e estou com o estômago meio zoado de tomar antibióticos, mas o importante é que já passou, certo?
E isso, meus amigos, me deu um clique ontem à noite.
Acho que todo mundo já passou pela experiência de ter medo de fazer uma coisa, se arriscar, e depois que faz, pensar “se eu soubesse que seria assim, teria feito antes”. Somos constantemente surpreendidos de maneira positiva pela vida, mesmo que a gente não se dê conta. É uma primeira conversa que funciona, uma cirurgia que é mais rápida que o esperado, uma prova que não é tão ruim quanto a gente achou que seria. Essas pequenas bênçãos vêm e vão com frequência, às vezes despercebidas pela nuvem do alívio. Porque, se você for minimamente parecido comigo, provavelmente tem medo de tudo e qualquer coisa que seja novidade. E aí, no alívio de não ter sido tão ruim, a gente esquece que a lição maior é que não tinha nada pra ter medo, em primeiro lugar.
Todas as coisas são um tanto angustiantes quando feitas pela primeira vez. Tive muito medo de cair da bicicleta, e fiquei ansiosa antes da minha primeira viagem de avião. É natural que a gente se sinta inseguro diante de algo que nunca fizemos. O que não é natural é que a gente permita que nossos medos e inseguranças ditem até onde a gente pode ir, ou o que podemos ou devemos fazer. A gente se esconde atrás de uma barreira que nós mesmos construímos, e quando vamos ver, a vida passou e nunca fizemos nada de novo. Somos marasmo, e deixamos ser. E qual é a graça de viver assim?
Cada um tem seu tempo, isso lá é verdade. Mas a pergunta que eu faço pra vocês hoje é: o que você deixou pra depois por medo? Não precisa ser nada muito louco. Na maioria das vezes, é tão simples como foi comigo, um dente que precisava sair dali, mas que fui postergando com medo da dor. Mas se tem uma coisa que descobri nessas últimas 24h é que nada te protege nem te prepara pra dor nenhuma, mas isso não significa que você precise ficar aguentando os sisos que estão na sua vida, não é mesmo?

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